terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

20 km de Cascais e mais um pouco

 

Eu e a Isa, apesar de corrermos mais em trilhos, temos a maratona de Paris a 12 de abril e queremos fazer boa figura. Como tal, não podemos descurar a estrada.
Estes 20 km vinham mesmo a calhar para ver como estávamos de corrida contínua. É uma prova bonita e com alguma dificuldade, nomeadamente na zona do Guincho.
A ideia era fazer um treino longo, como tal, corremos 5 km a um ritmo confortável e depois fizemos a prova.
Começámos devagar, mas depois fomos aumentando o ritmo para ver se aguentávamos.
Vimos muitos atletas mascarados, trouxeram um bonito colorido à prova em altura de carnaval.
Demos uma volta pelo centro e depois fomos em direção ao guincho, nesta fase o vento estava de frente. Custou um pouco, mas lá nos aguentámos.
Na altura do retorno, vimos muitos atletas conhecidos, cada vez são mais. E vimos também o João Lima, vinha em muito bom ritmo, acabou por fazer um tempo espectacular.
Passado o retorno, o vento soprava agora a nosso favor, isso faz toda a diferença. Ultrapassámos muitos atletas, mas ao km 15 a Isa sentiu o muro e tivemos de abrandar e até andar um pouco. Mas o muro, depressa veio e depressa foi, pouco depois voltámos a correr e a aumentar o ritmo progressivamente. Acabámos em força e com o tempo de 1h58.
A Isa bateu o recorde na prova, tendo em conta o muro, foi um tempo muito bom.
Temos de considerar que foi uma manhã muito boa, fizemos 25 km de treino e estivemos com muitos amigos.
Gostei muito destes 20 km de Cascais na companhia da minha Isa!
 
Agora, algumas imagens da prova:
   
 






 
A vencedora da prova, Cláudia Pereira, com os 4 ao km
 
Antes do nosso grande desafio em Sicó, ainda virei aqui falar do GP do Atlântico na Costa da Caparica. 
 
Boa semana e bons treinos!
 
 

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Trilhos dos Abutres 2015



Esta prova foi difícil desde a inscrição, depois da maratona do Porto, estivemos até às duas da manhã a tentar fazer a inscrição. Lá conseguimos, depois foi tentar fazer uma boa preparação e esperar pelo grande dia.
A preparação nunca é a que nós queremos, mas o tempo não pára e o fim de semana da prova chegou.
Fomos de véspera e logo se viu que a prova ia ser "molhada". Aproveitámos para levantar os dorsais e falar com alguns atletas conhecidos, que nos avisaram das dificuldades que íamos encontrar, muita lama e muitos cursos de água para atravessar.
Durante a madrugada, deu para perceber que a situação ainda ia ficar pior, a chuva e o vento não pararam. Como estaria a manhã?
De manhã não chovia, mas de certeza que o piso estava muito mau.
A caminho do pequeno almoço, recebo um sms da organização a informar que a partida havia sido adiada para as 10 horas. Não era um bom sinal.


Fomos cedo para o pavilhão, encontrámos alguns amigos que nos puseram ao corrente das últimas sobre a prova. O adiamento foi para a organização dar uma vista de olhos ao percurso e fazer algumas alterações, o temporal tinha feito alguns estragos.


Fizemos o controle zero e aguardámos a partida. Fomos ouvindo alguns atletas a falar sobre o que poderia ser a sua prestação nesta prova, lembro-me de um atleta a dizer a uma colega que conseguiriam acabar com 8 horas. Ela não estava a acreditar muito, mas ele achava que sim. Estavam bem equipados e tinham um "aspecto" de quem corria bem:)
Eu e a minha Isa, também falávamos sobre a prova, o nosso medo eram os tempos limite. Em primeiro lugar, só queríamos chegar aos 29 km dentro das 5h30. Mas sabíamos que tínhamos de dar o máximo e mesmo assim seria muito difícil. Depois logo se via o que poderia acontecer.
É dada a partida, não chove e a temperatura está bastante suportável.



Os primeiros 5 km são feitos dentro de Miranda do Corvo, a média é muito boa, ficámos um pouco mais confiantes para o resto da prova.
De seguida entramos no Parque Biológico da Serra da Lousã, onde encontramos as primeiras lamas. Começámos a subir e a ficar com calor, tivemos que tirar os impermeáveis e guardá-los na mochila. É verdade, nesta altura estávamos com calor.



Mas passado pouco tempo, começou a chover e toca toda a vestir os impermeáveis novamente. A chuva era o que me metia mais respeito nesta prova, não queria andar tantas horas molhado. Mas os últimos dias davam a entender que não se podia fugir dela.
Meus amigos, a partida já tinha sido dada, mas só agora é que os Trilhos dos Abutres iam começar.
Era lama por todo o lado, mas lama a sério, não era a lama de Bucelas (para quem lá esteve em 2014). A chuva tinha feito estragos durante a noite, havia muita água no percurso e qualquer passo era para nos atolarmos. Os pés começavam a ficar gelados.
Nunca corremos nestas condições, por esta altura ainda achávamos graça à situação, estava a ser complicado, mas continuávamos na luta.
As mãos estavam sempre sujas de lama, havia muitas zonas para trepar, tinha que se agarrar uma raiz, um ramo, qualquer coisa que ajudasse a subir e a não escorregar por ali abaixo.
Entretanto, começaram a aparecer os primeiros atletas da prova mais pequena, não gosto nada disto. Os tipos correm muito depressa e temos que nos encostar para os deixar passar, assim como é que conseguimos chegar dentro do tempo limite?:)
Nesta prova, fartei-me de ir com o rabo ao chão, um tipo tenta ter o maior cuidado possível, mas quando menos espera...pumba, já está com a dignidade em baixo:) Felizmente, foi tudo quedas sem grandes consequências. A Isa aguentou-se muito bem, não me lembro que tenha sujado os calções com alguma queda.
Os km iam passando, quando de repente cai uma carga de GRANIZO, era gelado e doía como o caraças quando nos atingia. Passado pouco tempo, começa a trovejar, bonito, sozinhos no meio da serra, molhados e a ser agredidos com pedregulhos. A coisa prometia.
O primeiro abastecimento foi aos 14 km, muito tarde! Não percebo o porquê desta situação.
Mas ao menos, estavam bem fornecidos. Deu para recuperar um pouco do esforço, pois o que se seguiu foi muito pior.
As subidas eram muito acentuadas, a lama estava cada vez pior, mas o que começava a atrapalhar mais era o frio. A lama atrapalhava, mas a gente lá ia conseguindo ultrapassar todos os obstáculos. Não muito rápidos, é verdade, mas estávamos a avançar no terreno.
Agora, com a chuva e granizo (caiu uma segunda vez), com muitos ribeiros para atravessar e molhar os pés...a temperatura dos nossos corpos estava a baixar a um ritmo alarmante.
Tinha começado pelos pés, estiveram molhados durante toda a prova, mas sempre que se conseguia correr, a coisa melhorava um pouco. O pior foram as mãos, mesmo com luvas, estavam a ficar geladas para além do aconselhável. A determinada altura, a temperatura baixou tanto, que já estávamos a perder a sensibilidade nos dedos. Esta situação mete medo, queremos mexer os dedos e eles não respondem. A Isa teve a ideia de tirar as luvas e aquece-las com o bafo da boca. Em boa hora o fez, conseguiu que aquecessem um pouco. Eu, lá ia tentando abrir e fechar as mão, tinha que as pôr a mexer.
Só queríamos o próximo abastecimento, mais uma vez ele chegou muito tarde.
Quando estávamos a tentar tirar as luvas para comer qualquer coisa, um senhor pergunta se queríamos ir no autocarro, não percebemos bem, ao que ele nos informa que estão a barrar os atletas que não passem aos 29 km dentro do tempo limite. Estávamos no km 24 e já tínhamos ultrapassado esse tempo. Analisámos a situação e decidimos que mais valia ficarmos por ali, o frio ainda ia piorar (o percurso ainda subia mais) e de qualquer forma, íamos ser barrados aos 29 km. Tomámos a decisão mais sensata.
Quando chegámos ao autocarro é que nos apercebemos da dimensão dos estragos que o frio estava a causar. O autocarro estava cheio! Tudo enrolado nas mantas térmicas, fizemos o mesmo. A cada minuto que passava, mais convencidos ficávamos de que não havia outra atitude a tomar. A saúde em primeiro lugar.
Chegados ao pavilhão, não havia água quente para o banho!!!! Fomos tomar banho ao hotel e depois jantar.
Nessa altura começamos a tomar conhecimento do elevado número de atletas que foram barrados, quase trezentos não conseguiram passar dentro dos tempos limites, muitos deles, já com provas dadas.
Ainda passámos pelo pavilhão para ver a chegada dos atletas que iam conseguindo terminar a prova. Lembram-se daqueles atletas de que falei no inicio deste relato? Ele achava que conseguiam terminar em 8 horas? Concluíram a prova sim senhor, mas com mais de 10 horas de tempo final. Por aqui se vê que o pessoal não estava à espera de tamanhas dificuldades.
Tivemos azar com o tempo, a partida teve de ser adiada duas horas, o piso ficou terrível , andámos sempre molhados e o frio foi forte demais.
A organização esteve bem ao barrar os atletas, naquelas condições podia acontecer uma tragédia.
Mas não esteve tão bem na questão dos abastecimentos, devia haver mais e não tão espaçados.
Também acho que devia haver pessoas nos locais considerados mais perigosos, não vimos ninguém. Haviam alguns jovens em certos sítios, mas não sabiam dar nenhuma informação, nomeadamente a distância para os abastecimentos.
Com aquele tempo não haver água quente para os banhos?!!! Já fiz provas menos conceituadas e todas elas tinham água quente para os banhos.
Este foi um ano muito complicado para se organizar esta prova, para o ano tudo vai correr melhor, tenho a certeza.

Esta prova foi muito importante para mim e para a Isa, vivemos experiências extremas que nos vão ajudar muito no futuro. E vivemos essas experiências juntos! Passámos por todas aquelas dificuldades juntos! Não queria que fosse de outra forma!
Para 2016, contamos estar em Miranda do Corvo novamente, mais bem preparados e com melhores condições atmosféricas, de certeza que vamos terminar esse grande desafio que são os Trilhos dos Abutres.

No dia seguinte, foi dia de passeio, um dia para descontrair na companhia da minha Isa.
(Não há muitas fotos da prova, mas há dos passeios)

Parque Biológico da Serra da Lousã

 

 
 





 
 
Gondramaz



E ainda deu para fazer o reconhecimento do nosso próximo trail:)






Boas corridas para todos!